sábado, 5 de novembro de 2011

Ain't Nothing But a Sketch



You're the pearl
I'm the swine
That's why I'll get my wine
Oh, that's why
Oh, why?

Got the tune
Got the rhyme
But ain't got no more time
No, I'm dying

Dying for you
You're too much on my mind
But ain't so much to you

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Desmistificação




Minha doce bola-de-cristal
Dádiva de reinos fantásticos
Lembro de quando, ao fitar-te
Via meu futuro: um homem
Cheio de vida
Pleno de passado
Pleno de presente
Pleno de futuro



Agora, cristal
Não passas de um espelho
Ao fitar-te, hoje, vejo apenas
Meu presente: um homem morto
Um indigente
Carente de passado
Carente de presente
Carente de futuro


quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Let It Bleed!

Parte I:

Será que vou pra Lua?
Ou morrerei no Vietnã?
Porque é '69
Homens devem lutar na rua
E todos precisam de alguém em quem sangrar

Parte II:

No more shelters!
Não há mais tempo
Flores e delírios vãos
Vão!


Parte III:

Já sei disso muito bem
Mas ideias não mudam o mundo
De que vale uma tomada de consciência
Se o cabo tá fora da tomada?

terça-feira, 24 de maio de 2011

My Love




My love is fair
My love is funny
I love her hair
Her lips of honey

But then you ask me why am I so sad
Why all my nights are whispers, wounds and wine

My love is kind
My love is tender
She took my mind
And I surrender

And you still ask me why my eyes don't shine
And I will tell you why
My love is lovely
But not mine

She makes me smile
That's why I'm crying
She makes me live
That's why I'm dying

Cause in the eve of my true life I died
This night is dark and there's no moon above
My lovely love
It's not mine

I'm waiting for the day...

...when someone will sing "I'm Waiting for the Day" to me. (Invertendo os sexos, óbvio! hauhauhauh)



P.S.: Perdoem o post ultra-pessoal, mas podem curtir o senhor Brian Wilson, que faz bem! =]

domingo, 24 de abril de 2011

Debaixo da ponte

A vida é tão linda
Debaixo da ponte
O final de um film-noir
Você é o culpado
A culpa é ser vítima
Vítima das circunstâncias
Causador das mesmas
O homem que quis viver embaixo da ponte
Há algo de errado nisso
Não foi isso o que você quis
Apenas atravessá-la
Quem sabe o que há do outro lado
Uma esperança
Quem vive no Inferno não o teme
Quantas imperfeições têm os corpos
Esvanecer-se é um purificar-se
Que obra de arte é o nada,
Quando tudo é tão feio!
A vida é tão feia
Quando não há horizonte
E tudo é tão lindo
Debaixo da ponte







sábado, 19 de fevereiro de 2011

Acusações [Ou Inquisições]

Quem ousa, ainda hoje, afirmar o valor de quaisquer ideais que transcendam os moldes da ideologia comum cedo deve acostumar-se com os dedos indicadores que apontam em sua direção – pra não mencionar os dedos em riste. A acusação mais comum, como se pode observar, é a da contradição entre os ideais defendidos e o comportamento praticado. Com efeito, sendo o defensor de ideais humanitários um herdeiro do cristão comum, do fiel que se submete à doutrina que lhe desfavorece completamente, e sendo os acusadores – esse “rebanho de Nietzsche” –, os herdeiros da instituição cristã, do Tribunal do Santo Ofício, torna-se tarefa fácil imputar nos primeiros o sentimento de culpa e o desejo de redimirem-se do pecado, concedendo a Deus – o “novo Deus” do conformismo, de que fala Horkheimer – o poder sobre sua vida.



Tais acusações são, em primeiro lugar, uma fuga. Refletem, além disso, uma total incompreensão acerca da natureza do pecado que se procura combater. Mas o que quero dizer quando chamo tais acusações de fuga? Afirmo simplesmente que, quem acusa o humanista de não praticar seu humanismo deixa esse humanismo completamente intocado. A acusação que eu faço agora de que os acusadores nada mais são do que fugitivos não pode certamente ser dirigida à totalidade dos acusadores. Se eu assim pensasse talvez me comportasse como os próprios acusadores de que falo aqui. Mas é uma prática comum essa fuga: se não se consegue combater um ideal, combate-se o defensor daquele ideal. O filme “Thanks for Smoking” demonstra bem isso. “Eu não preciso me dar ao trabalho de discutir se os ideais humanísticos têm ou não valor em si, porque seus próprios defensores não os praticam.” Bravo! Sua fuga foi bem sucedida!

Eu não posso, entretanto, me ater a esse ponto. Pra além do fato de essas acusações indicarem um temor de se enfrentar os ideais humanistas em si, elas sequer chegam a tocar os acusados! Quem se acostumou a ser rebanho da ideologia comum, segundo a qual fazemos muito mais pela humanidade ajudando a construir o que já foi construído – reforçando a existência do que já existe – do que se dedicando a metas utópicas, a mente acostumada a essa prisão – tão confortável quanto parecem à opinião comum as próprias penitenciárias, onde se tem cama, mesa e banho – não consegue perceber a riqueza da crítica do real. Pra essas cabecinhas bem “formadas” – enfatizo aqui toda a riqueza de significados lisonjeiros e depreciativos dessa palavra –, o indivíduo que critica a desigualdade deve necessariamente repartir o que é seu com quem não tem nada ou tem pouco. Isso é matemático. Como operação matemática, convém perfeitamente a essas mentes presas ao existente, que há muito sabem ler a linguagem matemática do livro que é o mundo. Se A possui 3 bicicletas e é defensor da igualdade, e B e C não possuem bicicleta, logo A deverá dar as 2 bicicletas aos demais, pra honra e glória do Senhor. No entanto, aparecem D e E alegando que também não possuem as tais bicicletas, e faz-se necessário então introduzir Salomão na equação – como licença matemática – pra realizar as devidas operações fracionárias. Parece ser assim a visão de igualdade que têm os depreciadores da igualdade. Afinal, a igualdade [=] é um sinal matemático, ou não?!

A mente realista – no sentido daquela que é presa ao real, ou melhor, presa “do real” – sequer se dá ao trabalho de analisar a natureza das propostas humanísticas. Mas não irei aqui me dar também ao trabalho de explicar essas propostas – talvez em comentários, ou talvez eu faça uma continuação pra essa postagem. Queria apenas lembrar um professor, socialista convicto, que possuía um padrão de vida bem acima do comum, o que atiçava o desejo de servir a Deus desses inquisidores comuns. Quando estes acusavam-no de contradizer seus ideais na prática, sendo um socialista “burguês” – e quem afirma isso sequer sabe o que caracteriza um burguês – o tal professor respondia categoricamente: “Quem gosta de miséria é o capitalismo!”.

REFLITAO

domingo, 30 de janeiro de 2011

It's only HARD & HEAVY but we like it!


Os Stones instituindo a moda glam! =]

Certa vez, eu tive interesse em apresentar alguma coisa do trabalho dos Rolling Stones - pra além de "(I Can't Get No) Satisfaction" - a um amigo fã de hard rock e heavy metal. Sendo eu fã de covers, tributos e afins, organizei então uma compilação com músicas dos Stones que foram regravadas - ou apresentadas em shows - pelas bandas que esse meu amigo curtia ou por quaisquer artistas nessa linha hard/heavy. Alguns desses covers eu nem sequer ouvi - por enquanto -, mas como a intenção era apresentar as versões originais a esse amigo, incluí as tais músicas na compilação.

Alguns desses covers de canções dos Stones feitos por bandas de hard/heavy eram já meus conhecidos, como os que seguem:

Bon Jovi - Tumbling Dice
[Presente no CD Bonus do álbum These Days, de 1995.]




Grand Funk Railroad - Gimme Shelter
[Presente no álbum Survival, de 1971.]



Ao vivo, aqui!


Joan Jett and the Blackhearts - Let It Bleed
[Presente como bônus no álbum de covers The Hit List, de 1990. Talvez a Joan Jett seja melhor classificada como punk do que como hard, mas é realmente difícil classificá-la em um estilo apenas.]




Joan Jett and the Blackhearts - Star Star
[Presente no álbum Album [!!!], de 1983.]




Kiss - 2000 Man
[Presente no álbum Dynasty, de 1979, e também no MTV Unplugged, de 1996, de onde vem essa versão ao vivo.]




Mas então, quero compartilhar agora com quem tiver interessado esses clássicos stoneanos que não apenas inspiraram, mas foram também retrabalhados por grandes nomes do hard e do heavy!

Eis a lista das músicas, cada uma com a indicação de um ou mais nomes do hard/heavy que a tenha[m] regravado:

01- Paint It, Black [Anvil, Deep Purple, W.A.S.P., etc.]
02- Connection [Montrose*]
03- 2000 Man [Kiss, Acid Drinkers]
04- Sympathy for the Devil [Guns 'n' Roses, Ozzy Osbourne, etc.]
05- Gimme Shelter [Grand Funk Railroad, Hawkwind**, etc.]
06- Country Honk (ou "Honky Tonk Women") [Humble Pie, Leslie West, Tesla, etc.]
07- Let It Bleed [Joan Jett and the Blackhearts]
08- Wild Horses [Guns 'n' Roses]
09- Bitch [Wolfgang, Great White, etc.]
10- Dead Flowers [Gilby Clarke***, Poison, etc.]
11- Tumbling Dice [Bon Jovi]
12- Star Star [Joan Jett and the Blackhearts]
13- It's Only Rock 'n' Roll (But I Like It) [Twisted Sister, Bon Jovi, Great White]


* Antiga banda de Sammy Hagar, ex-vocalista do Van Halen.
** Antiga banda de Lemmy Kilmister, líder do Motörhead.
*** Ex-guitarrista do Guns 'n' Roses. Nessa música, ele é acompanhado por Axl Rose nos vocais.

Então, enjoy it! Receba nossa "cópia democrática", como chama o blog parceiro Bolacha and Roll!

It's just a CLICK away! It's just a CLICK away!!!


P.S.: Curioso é que "Hard 'n' Heavy" é o nome do disco do Anvil que contém o cover de "Paint It, Black"! :D

P.S.²: Se vc curtiu os covers de músicas dos Stones, visite o [também] blog parceiro Undercover of the Night! =]

sábado, 22 de janeiro de 2011

Paradigma da Ameba*



No curso de Filosofia, ao menos onde estudo, existe uma discussão recorrente: se a Filosofia deve permanecer como aquele “corpo hermético” ao qual apenas os iluminados têm acesso ou se ela deve descer ao mundo dos homens, fazer-se carne e habitar entre nós. É uma discussão bastante relativa, pois relativo é sempre o julgamento sobre se algo é demasiadamente complexo ou se é simples demais. Mas são esses os termos da discussão: a exposição do pensamento filosófico deve adequar-se à mentalidade daqueles que o buscam, tornando-se algo em certa medida simples e até prazeroso, ou esses desejosos do saber filosófico devem adequar-se à disciplina e ao nível de abstração que a Filosofia requer? É correto vulgarizar o pensamento filosófico?

Aqueles que defendem a vulgarização da Filosofia afirmam que essa mesma Filosofia é algo simples, que pode ser exemplificado ou até aplicado no dia-a-dia. Se a maior parte das produções filosóficas é inacessível ao grosso da população, isso não se deve a uma característica da própria Filosofia, mas aos filósofos, por não se preocuparem com – ou talvez evitarem – a divulga(riza)ção de seu pensamento, e tal inacessibilidade das idéias se dá por conta de seu estilo ou de uma opinião errônea quanto ao modo correto de se expor os argumentos. Caberia então ao professor de Filosofia corrigir essa falha e traduzir o pensamento dos autores em caracteres familiares aos estudantes de Filosofia.

Há, no entanto, uma oposição muito forte a essa ânsia de vulgarização, por parte de alguns professores e estudantes. E eu me incluo nessa linha de oposição. O que se costuma argumentar contra aquele ideal de simplificação é que o pensamento seria “empobrecido”, perder-se-ia a “riqueza” do pensamento filosófico. Isso explica muito pouco. Pior: isso dá uma nova conotação a esse embate. Gera-se uma aparência de confronto entre modelos de pensamento com fundo sociopolítico: uma disputa entre os ideais aristocráticos e os democráticos.

Obviamente que não apenas esse teor alimenta a discussão sobre a (não-)vulgarização da Filosofia, mas talvez essa aparência de confronto sociopolítico interfira na discussão, ainda que de maneira inconsciente. De fato, por mais aristocráticos que sejam nossos estudantes de Filosofia, quando são eles próprios os “oprimidos”, a moral dos chandala[1] se lhes apresenta como ideal.

Há, no entanto, mais elementos – acredito que bem mais importantes e decisivos – que impulsionam esse desejo de que os filósofos desçam do Olimpo. Em primeiro lugar, a observação provou que não existe Olimpo, e os deuses, refugiados de seu lar original, não conseguiram fugir à perseguição implacável da experimentação e do método científico: foram mandados pra fora desse mundo[2]. A Filosofia, então, não mais pode contar com o auxílio divino, e não há mais um Céu onde ela reina soberana: o céu foi dominado pela Astronomia, e cabe à Filosofia dominar outros espaços! Desculpem-me o excesso de poesia. Não devo esquecer que, por enquanto, a Filosofia deixou de ser um corpo hermético! O que quero dizer é apenas que um dos elementos que geram nas mentes o desejo de vulgarização da Filosofia é que ela deve ser tão demonstrável e até aplicável quanto a Ciência Moderna.

Mais um aspecto deve ser notado, e ele é tão importante quanto o anterior: o mundo tornou-se Belo! Não que o mundo fosse Feio. O mundo tornou-se Belo assim como o Sol tornou-se Sol: ele não é mais qualquer coisa senão o Sol! Não é mais um Deus, ou o que seja. Assim também o mundo. Todos ainda alimentam ilusões morais, cognitivas, mas nos comportamentos do dia-a-dia, uma só verdade impera: a verdade do Belo. E quão bela é a vulgarização! Ela atinge nosso mais íntimo e nos emociona. Ficamos emocionados, comovidos ao extremo, ao ver aquele Deus que morre na cruz por nossos pecados! Ficamos extasiados, como quando apreciamos aquele magnífico quadro chamado “Fim da Metafísica”. E não poderia ser diferente. Que espécie de amor se pode dedicar a figuras abstratas? A Filosofia, pra que a sintamos, deve habitar em nosso meio. Onde dois ou mais se reunirem em seu nome, ali ela deve se fazer presente!

São esses alguns aspectos – quase sempre inconscientes – que cercam a questão de que tratamos. Eles surgem do próprio nome daquilo que se discute: “vulgarização”. Tornar a Filosofia algo “vulgar”, algo pertencente ou acessível ao “vulgo”, ao “povo”. Mas que povo é esse? Por que a Filosofia deve tornar-se algo apropriado pelo povo? Por que a iniciativa da apropriação deve partir da Filosofia? Por que tal iniciativa deve vir no sentido que se propõe, da simplificação – tão extrema quanto seja necessário – de seu conteúdo?

O mundo se tornou obra de arte, e obras de arte são polissêmicas. A polissemia, por sua vez, tem efeitos positivos e negativos, dependendo sempre do espírito do seu observador. Com efeito, ela pode conduzir à multiplicidade de sentidos, é essa sua natureza. Mas ela pode ser heteronomizada: o espírito unilateral irá conduzir o objeto polissêmico ao seu vetor próprio, como sentido único. Assim se dá com o ideal de democracia. De fato, a democracia tem sido tomada como vulgarização. A ascensão do povo ao posto de sujeito livre da História parece exigir que todas as realidades mais superiores desçam ao nível em que se encontra a humanidade. Deus deve tornar-se homem, em vez de os homens se tornarem deuses. A perspectiva pode ser a de que o Messias redimirá os homens e lhes levará ao caminho da salvação, pelo qual unicamente cada homem poderá ser Um com o Pai. Assim, a Filosofia, simplificada, vulgarizada, torna-se instrumento da luta dos homens, podendo erguê-los ao Olimpo, onde então a Filosofia, com toda a sua riqueza, não será mais um corpo hermético.

Isso é muito lindo. O leitor deve ter ido às lágrimas com esse relato bíblico. Mas ele é real? Ou não seria mais uma invenção dos “primeiros cristãos”? Quando digo “real”, não o digo no sentido do fato, daquilo que se apresenta como realidade efetiva, material, posta diante dos nossos olhos. O real positivista me enoja! O que eu pergunto é: as coisas podem se dar dessa forma? Será que o povo, pra se tornar sujeito livre da História lançando mão da Filosofia, não precisaria ter se tornado um sujeito da História?



Aquele que entende democratização como vulgarização talvez não perceba que, à medida que se desce o Monte Olimpo, mudam os ares, nada é o mesmo. O desejo psicótico de simplificar a Filosofia, o paradigma da ameba, não percebe que a simplificação não é simples tradução. Ele não percebe o próprio sentido do instrumento, da instrumentalidade. (Talvez seja preciso assistir MacGyver e inteirar-se desse sentido. De preferência, que se assista em rotação invertida.)

Quando um Deus passa a conviver entre os homens, ele não permanece inalterado. Perde-se algo. Perde-se muito. Perde-se, talvez, o essencial. O real é que um Deus que se faz carne pode realmente acabar na cruz!


Rush - Tom Sawyer [Música de abertura da série "Profissão Perigo" ou "MacGyver".]

* A expressão não é minha. Foi usada pelo professor Expedito Passos em uma aula de que participei, e eu tô utilizando livremente.



[1] Na visão de Nietzsche, a democracia e a moral cristã seriam uma “moral de escravos”. O termo chandala designa a classe mais baixa da sociedade indiana, portanto os escravos, e é correntemente usado por Nietzsche em seu O Anticristo.


[2] Em certa medida, pra algumas pessoas, eles o foram literalmente, como se pode ver em documentos como o livro Eram os Deuses astronautas?