segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

"What shall we do now?" > Uma retrospectiva?


Como dizem por aí, o final do ano é uma época de relembrar, de fazer um balanço das nossas realizações e de pensar novos projetos. Então, eu aproveito esse momento pra fazer um balanço de tudo o que já postei neste blog e pra estabelecer novas metas - qualitativas.. que se fodam as quantidades! - pros anos que virão!
Este blog tem sido MEU blog, não só no sentido de que me pertence e de que é inteiramente criado por mim, mas ele tem servido pra expressar tudo o que diz respeito a mim, e isso muitas vezes de uma forma que pode não interessar a ninguém mais! Além de algumas postagens que só interessavam à minha pessoa e talvez algumas pessoas próximas, as postagens de caráter 'universal' recebiam um tratamento MUITO pessoal. Assim, apesar de algumas poesias e algumas postagens de interesse geral, muitas das postagens que fiz aqui só gerariam aborrecimentos a um leitor desavisado, que esperasse encontrar algo de proveitoso no meu blog.
Resolvi então dar um rumo ao blog - seria um 'novo' rumo, se antes ele tivesse algum, um 'velho' rumo -, e ele agora será destinado aos leitores. Será ainda MEU blog, discutirá o que ME interessa, apresentará MINHAS criações, mas deverá e poderá ser lido por TODOS. Não vou retirar minha personalidade das postagens, mas ela não irá sufocar a possibilidade do diálogo com as demais subjetividades que aqui vêm ter comigo.
Então, é isso. Nada de retrospectiva 2010. Quero apenas deixar marcado esse momento em que meu blog amadurece, abandona a dispersão e a idiotia e se lança como um eu no universo dos eus virtuais.
Enjoy, minha jóia! =]

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Mas, agora, lá fora, eu...




Uma porção
de músicas inacabadas
de idéias abortadas
por uma corda quebrada
no violão

De gozos
de dias de todo ociosos
de pensamentos maldosos
de comportamentos jocosos
com ou sem intenção

Cercada
de exigências por todos os lados
de réguas por todos os lados
sem nunca aceitar ser um quadro

Uma porção
de erros ferozes no trato
completa falta de tato
(e também de olfato
visão e audição)

Uma porção
de momentos quase felizes
de lindas plantas sem raízes
cujos frutos, só por deslizes
nascerão

De libidos
que traem mau trato aos sentidos
problemas mal-resolvidos
e o pólen sempre caído
no chão

Cercada
de carinho por todos os lados
de bonança por todos os lados
de afetos por todos os lados

[Seguindo a ideia do verso da primeira estrofe, o poema encontra-se inacabado.]

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Um post a ser lido de cima p/ baixo

Sou um cara cheio de manias chatas. Tenho até um amigo de Rondônia que diz que eu pareço um velho, tão cheio de manias. Uma dessas manias chatas é a de sempre que for assistir um filme evitar saber qualquer detalhezinho, ainda que seja a primeira cena. A maior parte das pessoas com quem convivo não vê problema algum em saber ainda que seja o final do filme, então isso já me rendeu situações bem chatas. Portanto, vou tentar aqui expor os motivos pelos quais eu considero de extrema importância a ignorância acerca do enredo de um filme ou do que seja.

É sabido que o tabu do final do filme, do spoiler, é algo típico do cinema comum, especialmente o cinema comercial hollywoodiano. Lembro de uma palestra sobre Música e Cinema que assisti na UECE, onde o professor Ewelter exibia uma cena do filme italiano Ladrões de Bicicleta e, ao final da cena, comentava sobre o filme. Ele hesitou um pouco em contar o final, mas logo se auto-repreendeu, afirmando que o final do filme não era o mais importante, isso era importante com Hollywood apenas. Foi talvez o primeiro momento em que me foi apresentada essa nova visão da arte do cinema, que levava em conta mais a forma como se apresentava a história do que propriamente a história.



É óbvio que nesse sentido eu concordo com o relativo 'desprezo' que se tem pelo enredo, pois, na medida em que se fica preso a ele, termina-se perdendo de vista os demais aspectos da construção do filme, os quais são os reais constituidores da arte do cinema. Isso, em se tratando de cinema arte.

Quando passamos ao cinema comercial, baseado em padrões pré-estabelecidos de produção e filmagem, e cujo principal intuito é realmente apresentar a história da mesma forma como apresentaria qualquer outra, o argumento cai por terra. Em Hollywood, o que conta é a história do filme - mas é óbvio que há filmes onde o que mais importa é a mensagem por trás da história.



Agora, é a vez de pensar se isso seria realmente assim: se seríamos tolos de nos preocupar com não saber certo detalhe da história pra não comprometer o momento de finalmente assistir ao filme. Eu acredito que o conhecimento prévio do enredo do filme seja prejudicial em ambos os casos, ainda que se trate de Cinema arte! Mas por quê?



Você não sabe? Pense, vamos lá!




Qual o problema? Arrisque um palpite!



Nenhum palpite?

É bom inventar algum, pois eu decidi não contar os meus porquês.
Assista esse videozinho enquanto pensa.
Até. =]

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Ooohh, Western Woman...

Todo ser finito é contraditório. Eu tenho mais de 1,80m, mas isso não faz de mim um ser infinito. Não, não faz. Portanto, após uma postagem de extremo patriotismo e até uma certa dose de xenofobia e ódio à cultura estadunidense, como foi a postagem anterior, sobre a morte do músico Paulo Moura, venho com essa nova postagem contradizer minha postura anterior e jogar no lixo tudo o que aprendi com o Mestre Plínio Salgado e todos os meus planos de levar a nação brasileira ao patamar de maior potência mundial em todos os aspectos, sejam culturais, políticos, sociais ou econômicos! Mas vamo pro que interessa...

Se as pessoas costumassem freqüentar meu blog, eu teria medo dos comentários a essa postagem, pois quando comentei sobre o assunto em questão com um amigo, ele perguntou quantos eu fumo por dia! =/

Fato é que, de uns tempos pra cá, eu me reencantei com uma pequena maravilha chamada música country, conhecida nos States como Western and Country Music, ou coisa do tipo. O country, segundo meus parcos conhecimentos de história da música - sem saco pra wikipedia agora... -, é um estilo musical originado nos EUA pela fusão de elementos de origens diversas, recebendo influências da música de diversos povos europeus, africanos e americanos*. Inclusive, é algo que deve ser enfatizado: a música country não é uma música puramente branca, nem "vermelha e branca". Os africanos trazidos à força pra América não só participaram do desenvolvimento da música country, como o banjo, aquele instrumento tocado pelo Doug Funnie, instrumento característico desse estilo musical, tem suas raízes em plena África Ocidental. Sim, amiguinh@, sei que é uma realidade dura de aceitar, mas a África não se resume a tambores.


Olha só o Costelinha dançando country!

Mas, voltando, não sei exatamente quando a febre do country me pegou de vez. Provavelmente tudo começou com o disco Sweetheart of the Rodeo, dos Byrds, ou talvez com os discos dos Rolling Stones. Mas não é esse exatamente o ponto que essa postagem pretende abordar. O que acontece, na verdade, é que ultimamente eu peguei uma mania bem interessante: cantar as músicas de algumas das minhas bandas preferidas com uma levada country music, imaginando um instrumental típico me acompanhando.

Fiz bastante isso com os Rolling Stones, mas isso não é de se espantar... Seguindo os passos de seu Grande Mestre Chuck Berry, que em 1955 gravou "Maybellene", uma versão R&B - ou 'rock 'n' roll', como queiram - da canção country "Ida Red", os Stones insistiram nessa linha, criando sua sonoridade típica, a legítima sonoridade 'rockeira', a partir da bluesificação do country e/ou da countryficação do blues! Além disso, eu não fui o primeiro a fazer essas versões. Muita gente fez isso e até registrou. Ganhou até dinheiro vendendo disco! Falo, por exemplo, de Waylon Jennings, que em seu disco Singer of Sad Songs, de 1970, nos oferece uma versão country de "Honky Tonk Women". Ta, essa é muito óbvia! Até os Stones gravaram ela como um mais puro country no seu disco Let It Bleed, sob o sugestivo título de "Country Honk", como se fosse preciso ser ainda mais sugestivo. Mas há, por exemplo, a versão pra "Dead Flowers" feita pelo artista de country-folk Townes Van Zandt em seu disco Roadsongs, de 1994, e se você deseja uma menos óbvia ainda, há a versão de Ramblin' Jack Elliott pra "Connection", em seu disco The Long Ride, de 1999. Há até um disco chamado Stone Country, apenas com músicas da banda interpretadas por artistas country.


Keith Richards, provavelmente tocando um bom country!

A descoberta do dia, no entanto, foi quando resolvi fazer um country com algumas músicas de Roger Waters, o gênio por trás da maior parte dos grandes discos do Pink Floyd. Num é que deu certo?! Enquanto que no Pink Floyd o Waters criava seus temas sobre uma base essencialmente blueseira, em sua carreira-solo ele se deixou levar pelos "cavalos selvagens" da country music! Tudo começou com a faixa de abertura do meu disco favorito da carreira-solo dele, o Radio K.A.O.S. A canção se chama "Radio Waves" e possui uma sonoridade bem oitentista, nada em seu som que remeta diretamente a cowboys, ranchos, famílias caipiras ou coisa do tipo. Não tem banjo na música, ou pelo menos não é tão audível quanto o do Doug. Apesar disso, bem próximo do término da música, o Waters canta uma melodiazinha um tanto diferente do tema básico da música, a qual inicia com o verso "Oklahoma City, radio waves". Talvez algo em meu subconsciente tenha associado isso com a canção country "Oklahoma Hills", mas a verdade é que não é preciso. Pra mim, esse trecho é country até a chinela! O Waters deve ter cantado esse trecho montado num touro mecânico! Mas então... Com base nessa associação nada óbvia num primeiro momento, entre Roger Waters e country music, resolvi cantar o restante de "Radio Waves" como um country e tudo soou perfeito!

Prossegui então com a tarefa destinada a mim de revelar o lado caipira e bonachão que se esconde por trás da figura melancólica e visionária de Roger Waters! E olha só a música que escolhi: "Amused to Death"! Você pode imaginar que o título, "Entretido até a Morte", faz referência a jogos no saloon, seguidos de um tiroteio, ou qualquer otra coisa do tipo ocorrendo em um cenário de filme italiano de bang-bang. Mas não. O Waters tá falando de TV, de guerra, de política, de religião, ele tá falando de muita coisa, mas definitivamente não é sobre Tex Willer que versa a letra dessa música! Apesar disso, ela soou perfeitamente bem como um country! Pode experimentar aí em casa! [Ou na lan-house, ou onde você tiver...] Mas isso não é tudo. Analisando melhor a música, você irá perceber que a ligação dela com o country tá escondida em uns versinhos inocentes que são até repetidos algumas vezes. São os seguintes versos:

Ooohh, western woman
Ooohh, western girl

"Western"! Eureka! Por isso eu sabia que podia destruir essa música e cantar ela como um country! Vocês não esperavam por essa, eu sei...

Roger Waters se protegendo do frio do Texas.

Ainda uma música do Waters que eu tentei transformar em country foi "Every Stranger's Eyes", do primeiro disco dele após sair do Floyd. Admito que não ficou lá um exemplo perfeito de canção country, mas não deixou de combinar, e a letra dessa música em alguns momentos soa como uma típica letra de música country. Como nos versos:

And now
From where I stand
Upon this hill
I plundered from the pool...

Aliás, vale dizer, From Where I Stand é o título de uma compilação de música country composta apenas de interpretações de artistas negros, dentre os quais cabe destacar DeFord Bailey e Charley Pride. Aqui, você pode ver informações sobre esse disco e pode também comprá-lo, por que não?! =P
Bem, a essa altura você deve tah concordando com o meu amigo e duvidando de minha sanidade. Mas faça como ele: experimente! Não, os baseados não! Experimente imaginar essas músicas como se fossem gravadas na forma de música country! Meu amigo disse que fazia até sentido "Radio Waves" cantada de maneira caipira. Eu disse a ele que fazia perfeito sentido! [Piadinha de última hora! =D]

Agora, se você é um total leigo em Roger Waters, que tal correr atrás da ótima carreira-solo do cara? Que tal começar aqui, pelo The Pros and Cons of Hitch Hiking, de 1984, com Eric Clapton na guitarra? É nesse disco que se encontra a faixa "Every Stranger's Eyes", que você pode conferir nesse video em uma ótima versão ao vivo:






Deixo também o video da faixa-título do disco Amused to Death -numa versão ao vivo de deixar qualquer pessoa realmente apaixonada por música de cabelo em pé -, pra que você também confira esse ótimo disco, mas reafirmando que meu disco favorito do Waters é o Radio K.A.O.S.! Então, por que não adquirir os três? =P






Fica a dica.
Gracias. Axé.

*Recorri à wikipedia pra 'relembrar' o nome de um estilo popular mexicano que teria influenciado no desenvolvimento do country, mas não encontrei nada a respeito... Queima de arquivo? Talvez...

D.E.P. Paulo Moura



Ontem [ou mais precisamente anteontem, já que passa de meia-noite], dia 13 de julho, foi o famoso Dia do Rock. Mas a postagem de hoje, atrasada, não se refere a esse dia... Tô me lixando pro Rock! O assunto aqui é Paulo Moura, mais um Mestre que acaba de nos deixar. O músico estava internado na Clínica São Vicente, no Rio de Janeiro, desde o dia 4 de julho com um linfoma (câncer do sistema linfático), até falecer nessa segunda-feira, dia 12. [Veja aqui um "video de despedida" do músico.] Enquanto os rockeiros seguem com aquela ladainha de que 'o rock é um estilo marginalizado, que sofre preconceito', e todo esse tipo de coisa, músicos marginalizados DE FATO, como é o caso do Paulo Moura morrem sem sequer causar uma mínima comoção na nação a que ele pertenceu em vida.
Entretanto, devo pedir desculpas aos leitores - caso existam - porque eu não conheço praticamente NADA de Paulo Moura! É um daqueles artistas que eu penso "Cara, qualquer dia eu vou arranjar toda a discografia desse bixo!", e vou pensando isso, e pensando, mas nada de agir e correr atrás... Foi assim com Michael Jackson e foi agora também com o Paulo Moura. Espero que os demais artistas que também se encontram nesse caso não precisem morrer pra que eu adquira suas discografias...

No entanto, assim como eu já conhecia muita coisa do Michael Jackson, eu também não sou totalmente leigo em matéria de Paulo Moura. Tenho em casa o CD do Quarteto Negro, de 1987, que o saxofonista e clarinetista gravou ao lado dos músicos Jorge Degas, Zezé Motta e Djalma Corrêa. Recomendadíssimo! Como pedido de desculpas por ser um tanto alheio à obra desse grande músico brasileiro, deixo pra vocês um pequeno brinde, bastando clicar aqui pra poder apreciar esse maravilhoso disco.



Quanto ao Rock, resta dizer que uma das faixas desse disco escritas pelo próprio Paulo Moura se chama "Lavadeira Blues", e como dizia Muddy Waters: "The Blues had a baby, and they named it Rock 'n' Roll"!
Descanse em Paz, Paulo Moura.
Gracias. Axé.

quarta-feira, 10 de março de 2010

As sábias multidões não se dxam enganar...

Ouse defender um velho ideal. Ouse apontar pro moinho-de-vento e chamá-lo de dragão. Ou simplesmente ouse dizer algo que ninguém quer ouvir, por mais verdadeiro que seja. De preferência, diga algo que incomoda os "vitoriosos", aqueles que ocupam posições que você só pode sonhar em alcançar... [E não, eu NÃO to falando de políticos! Tá me achando com cara de Rede Globo?] Ouse e vc verá...



No século XVIII, o riso do filósofo diante de palavras imponentes soava como um tom estimulante e corajoso que tinha uma força emancipadora. Tais palavras eram os símbolos de uma tirania real; zombar delas envolvia o risco da tortura e da morte. No século XX, o objeto de riso não é a multidão conformista, mas sim o excêntrico que ainda se aventura a pensar autonomamente.

(Max Horkheimer - Eclipse da Razão)

As massas dominadas prontamente se identificam com a agência repressiva. Na verdade, é exclusivamente a seu serviço que eles se dão rédea solta para satisfazer seus imperiosos impulsos miméticos, sua necessidade de expressão. Sua reação às pressões é a imitação: um desejo implacável de perseguir. Esse desejo por sua vez é utilizado pra manter o sistema que o produz. A esse respeito, o homem [pós-]moderno não é muito diferente do seu antecessor medieval, exceto na escolha das suas vítimas.

(Max Horkheimer - Eclipse da Razão - com pequena alteração minha no "pós" =D)

Linchamento de jovem negro nos EUA.